Sobre Aldo da Cunha Rebouças

Em 1962, um quarto de século antes de a Organização das Nações Unidas publicar o relatório Bruntland – o primeiro documento a sugerir a inclusão do tema sustentabilidade na agenda de desenvolvimento dos países –, Aldo da Cunha Rebouças, um jovem geólogo, já alertava os órgãos públicos para o fato de que a má gestão e o uso inadequado da água comprometeriam a qualidade da oferta do produto. Ao longo de mais de 40 anos de pesquisa, ele defendeu obsessivamente a premissa de que “o conceito de água abundante, inesgotável e gratuita, uma dádiva de Deus ou de qualquer outra figura cósmica, da Igreja ou de políticos, dos coronéis ou do homem, da natureza”, era uma ficção obsoleta.

Brandiu esse alerta diante de vários governos. No final dos anos 1960 e início de 1970, foi diretor da Bacia Escola de Hidrogeologia da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). “Constatei que o problema do Nordeste não é de seca, mas de cerca”, lembra. A região tem uma importante fonte de recursos hídricos: a água subterrânea. Boa parte dessa água está protegida da evaporação e poderia abastecer o dobro da população do Polígono das Secas, que compreende nove estados do Nordeste e o norte de Minas Gerais. “A água subterrânea está presente nos terrenos sedimentares e não precisa de nenhum tratamento especial, exceto a cloração”, explicou em entrevista à Radiobras, em 1999.

Filho de um pedreiro, Aldo nasceu em Peixe Gordo, próximo ao litoral cearense, numa família de 16 irmãos. O pai, preocupado com a educação dos filhos, montou uma escola dentro de casa.

Em 1962, ele se formou em geologia pela Universidade Federal de Pernambuco, em Recife. Após sair da faculdade, foi trabalhar na Sudene.

O mestrado (1964) e o doutorado (1973) foram na França. Já o pós-doutorado (1986) foi concluído na Universidade Stanford, nos EUA.

Na década de 1970, após convite da Universidade de São Paulo, Aldo passou a trabalhar na instituição, onde criou um centro de pesquisa de águas subterrâneas, o CEPAS|USP.

André Rebouças, que foi aluno dele, diz que o pai não se limitava a passar a matéria; também desafiava os alunos. O filho trabalha hoje na área que seu pai ajudou a construir no Brasil.

A missão que o cearense Aldo da Cunha Rebouças dizia ter era a de “catequizar” as pessoas sobre a questão da água.

Quis o destino que o homem das águas subterrâneas nos deixasse no ano de 2011.

Com o objetivo de homenagear este brilhante pesquisador, a ABAS instituiu o Prêmio Aldo Rebouças, que será concedido durante o XXII Congresso Brasileiro de Águas Subterrâneas. O prêmio é destinado a jovens pesquisadores que tenham se destacado na área de águas subterrâneas.

SELEÇÃO DOS PREMIADOS

O Prêmio Aldo Rebouças é uma ação de reconhecimento e valorização de pesquisadores que realizaram trabalhos significativos para a gestão e o aproveitamento das águas subterrâneas. O prêmio é destinado aos autores dos melhores trabalhos submetidos e apresentados ao Congresso Brasileiro de Águas Subterrâneas (CABAS) do ano que a premiação ocorra.


Serão premiados três trabalhos, dois deles no formato oral e um no formato pôster. Será premiado o primeiro autor de cada trabalho, que será selecionado por uma comissão examinadora, composta por pesquisadores e profissionais de diferentes instituições nacionais, escolhidos pelos membros da Comissão Científica do CABAS e coordenada pelo seu Presidente.

Os prêmios se destinam a jovens profissionais com menos de 30 anos até a data de inscrição no CABAS.

A premiação ocorrerá durante o Congresso Brasileiro de Águas Subterrâneas, sendo esta parte de sua programação oficial.

Aos três primeiros lugares, a premiação significa:

– Importante marca na carreira profissional, com certificado de finalista do Prêmio Aldo Rebouças da Associação Brasileira de Águas Subterrâneas, consubstanciada e expressada na forma de uma Placa de honra.

Ao 1º lugar do Prêmio, escolhido entre os três melhores trabalhos, acrescenta-se:

– Anuidade do ano consecutivo ao CABAS; e

– Inscrições no próximo e consecutivo CABAS e Congresso Internacional de Meio Ambiente Subterrâneo

É norma que os trabalhos premiados não tenham entre os seus autores membros da  Comissão Científica e da Comissão Julgadora do Prêmio ou mesmo membro da diretoria da ABAS.