Congresso propõe gestão integrada e sustentável de águas subterrâneas no Brasil

Os primeiros dias do Congresso Brasileiro de Águas Subterrâneas que acontece em São Paulo desde terça-feira, dia 2 de agosto está mobilizando não apenas o mercado de águas e perfuração de poços como também pesquisadores, gestores de concessionárias de serviços de água e saneamento, autoridades, técnicos, pesquisadores, imprensa cientistas e a sociedade. Na sua 22ª edição, o evento está batendo recordes de público no formato presencial.

Segundo a organizadora ABAS – Associação Brasileira de Águas Subterrâneas, apenas em dois dias o congresso registrou mais 1.600 participantes e deve alcançar perto de 5 mil até o final dos trabalhos, na sexta-feira.
Com o tema central “Águas Subterrâneas invisível, indivisível e indispensável”, a palestra magna reuniu duas das melhores representantes da área no Brasil e no mundo: Alice Aurelli, responsável pelo setor de águas subterrâneas da UNESCO e Alice Silva Castilho, diretora de Hidrologia do Serviço Geológico do Brasil, SGB.

Alice Aurelli destacou a importância do congresso e a competência dos hidrogeólogos brasileiros, especialmente quando está em curso uma grande campanha para popularizar o assunto em todo o planeta: ONU Água 2022.
Segundo Aurelli, nada menos que 53 dos 169 objetivos da UNESCO que fazem parte da agenda de sustentabilidade para 2030 tem ligação direta com águas subterrâneas.

“O assunto é mais do que urgente, se o planeta realmente quiser garantir água para todos”, afirmou.

A diretora do Serviço Hidrológico do Brasil, Alice Castilho falou sobre a necessidade do gerenciamento e monitoramento integrados das águas subterrâneas. Segundo ela, o aumento da demanda, seja por uso doméstico, industrial ou da agricultura, somados ao setor de mineração, geram uma pressão cada vez maior para o uso das águas subterrâneas. “É preciso continuar buscando um modelo de gestão que realmente garanta segurança hídrica para a população e mantenha sustentáveis as atividades econômicas”, diz ela.

“Por isso é cada vez mais necessário normatizar, informar e gerir esse recurso de maneira ética, além de discutir os avanços conquistados aqui e em outros países. Esse é o verdadeiro papel do congresso, como principal evento da área no Brasil,” diz a diretora do SGB.

Uso combinado e sustentável, na prática
Entre os diferenciais da programação do congresso deste ano estão os debates sobre os progressos ambientais, jurídicos e tecnológicos já conquistados e que permitem viabilizar o melhor uso dos recursos hídricos, subterrâneos ou não.

Foi o caso da mesa redonda “Águas Subterrâneas e Saneamento: uso combinado e sustentável.” que aconteceu na tarde do dia 2, com uma intensa participação do público.

A atividade reuniu palestrantes como José Paulo Netto, presidente da ABAS, José Barreto de Andrade Neto, Superintendente Adjunto de Regulação Econômica da ANA – Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico, Mônica do Amaral Porto, diretora de Sistemas Regionais da Sabesp – Cia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, Perry Soares Neto da ABCON/ Sinicon – Associação Brasileira das Concessionárias Privadas, o deputado federal Geninho Zuliani e como debatedor o jornalista Carlos Tramontina, representando a sociedade brasileira.

“O resultado foi uma discussão de altíssimo nível, com propostas assertivas tanto do ponto de vista técnico como social.” diz o presidente da ABAS José Paulo Netto. “A presença de representantes dos vários segmentos que compõem o universo das águas subterrâneas, ao lado da ANA, o órgão que vai regular todo processo de gestão no país, foi de extrema importância. Pudemos marcar posição, esclarecer fatos novos, discutir estratégias e mudanças legais, além de priorizar as necessidades.”

Ainda dentro da proposta de discutir as melhores práticas, a conferência realizada na quarta-feira, dia 3, sobre o Programa de Monitoramento de Águas Subterrâneas trouxe Daniele Genaro, coordenadora executive do DEHID do Serviço Geológico do Brasil – SGB/CPRM e o pesquisador Clyvihk Camacho, pesquisador em Geociências e Hidrogeologia do Serviço Geológico do Brasil.

A conferência mostrou como é possivel evoluir no monitoramento das águas subterrâneas e superficiais com o uso da tecnologia, da inteligência artificial e unidades satélites.

“Estamos trabalhando para oferecer uma ferramenta de excelência na gestão de recursos hídricos”, afirmou Clyvik Camacho”.

Daniela Genaro complementa: “precisamos realmente enxergar as águas subterrâneas e saber onde elas estão, para que sejam monitoradas e não se tornem mais um recurso finito no planeta.”

Avanços na lei

Ainda na perspectiva das melhores práticas e avanços na gestão das águas subterrâneas, outras três mesas redondas realizadas no dia 3 de agosto tiveram imensa repercussão: “Mais de 10 anos do plano Nacional de Recursos Hídricos e a inserção das águas subterrâneas”; “O que muda na perfuração de poços no Marco Regulatório do Saneamento e a portaria 888 de Portabilidade” e “Outorga: ato administrativo ou ferramenta de gestão?

Ainda dentro desta temática está programado para sexta-feira dia 5, uma série de palestras e atividades gratuitas, totalmente dedicadas aos usuários de águas subterrâneas.
As palestras vão abordar o “Novo Marco Regulatório do Saneamento x Usuário de Águas Subterrâneas”, Empresas de Perfuração x Nova Portaria GM MS 888 e ainda “Como fazer um bom teste de vazão e interpretar corretamente os resultados”.
Além disso, as empresas expositoras da Fenágua, Feira Nacional de Água que ocorre em paralelo ao congresso promoverão workshops e apresentações técnicas dedicadas ao usuário de águas subterrâneas.
A programação completa do congresso pode ser vista em: https://xxiicongressoabas.abas.org/
XXII Congresso Brasileiro de Águas Subterrâneas – 2 a 5 de agosto de 2022
Espaço Arca – São Paulo – Rua Manoel Bandeira, 360 – Vila Leopoldina – São Paulo
Informações para imprensa:
Cristina Bighetti – jornalista, Mestre em Ciências da Comunicação
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ABAS – http://www.abas.org